sábado, julho 06, 2019

GOOD NEWS FROM MARK OBINNA

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TROUBLE AND MY LIFE WILL BE IN DANGER. PLEASE THIS IS LIKE A MAFIA
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MR. JAMES OBINNA
COMPUTER SCIENTIST.

domingo, outubro 01, 2017

Curar a Ansiedade


O que é a ansiedade?

O que diz sobre nós e sobre as nossas circunstâncias?

Porque são umas pessoas mais ansiosas que outras?

Quais as "ferramentas" internas que desenvolvemos (ou que ficam a faltar) ao longo do desenvolvimento da personalidade?

Como a psicoterapia psicanalítica pode tratar a ansiedade?

Quais as diferentes expressões e tipos da ansiedade?

São sem dúvida uma perguntas importantes, e primeiro que tudo é importante entender o que é a ansiedade.

Ainda que o diagnóstico de perturbação de personalidade ansiosa, obsessiva, compulsiva, de ansiedade generalizada ou de ataque de pânico remetam para a representação da ansiedade como uma doença, a mesma não é necessariamente uma doença. Pelo menos no sentido em que padecemos de algo que de alguma forma, com alguma forma de meditação ou técnicas de relaxamento, poderá ir embora de vez. Todavia, muitos profissionais de saúde consideram a ansiedade como doença, procurando "trata-la", ou controlá-la, com algum grau de sucesso relativo. Porém, controlar a ansiedade e livrar-nos dela são realidades muitíssimo diferentes,

A ansiedade e a depressão estão sempre presentes em algum grau em todo o espetro das mais variadas perturbações psicológicas e sofrimento emocional. A própria depressão amiúde alberga núcleos ansiosos e a ansiedade também está de várias formas ligada com a depressão e com o deprimir. Como há também ansiedade e depressão em vários níveis de expressão (uns superiores, outros mais desenvolvimentalmente inferiores). Algumas manifestações de ansiedade ou depressão inclusivé pouco se relacionam com o que commumente designamos por ansiedade ou depressão. Também é frequente que um mesmo conteúdo interno coexista enquanto uma vivência mista e/ou alternada de depressão e ansiedade, sendo o desejável que a evolução seja sempre para um "deprimir" - um suportar internamente do conteúdo ou da angústia devidamente nomeada a partir de um sentimento interno de não-ameaça ou aceitação, de um estado interno relativamente livre de ansiedade ainda que por vezes emocionalmente custoso. Ou seja, numa perspetiva desenvolvimental, e/ou daquilo que acontece durante uma psicoterapia, é frequente e desejável que os núcleos internos ansiosos se transformem gradualmente e antes de mais em algo pensável, muitas vezes com o correlato emocional de um estado de abatimento, de um largar do controlo, de uma aceitação, ou de uma certa resignação emocional face por exemplo a circunstâncias penosas, limitadoras ou por vezes incontornáveis da vida da pessoa - uma espécie de "luto" ou "deprimir saudável". Nesta passagem está aberta a porta à elaboração psíquica progressiva, que por sua vez permite o crescimento pessoal e da personalidade, e mesmo, consoante o caso, o reajustamento das circunstâncias de vida.

Poder começar a considerar a ansiedade enquanto uma "informação-alarme" relacionada sobre nós mesmos e a relação connosco mesmos, com os demais e com o mundo, é como que um primeiríssimo passo no sentido do início da jornada da atribuição de sentidos claros e concretos à experiência interna de ansiedade - ligar a ansiedade, sobretudo a ansiedade difusa, a ansiedade ligada ao desconforto corporal, a ansiedade de pânico ou mesmo aquela que conduz às compulsões e obsessões (ao controlo da ansiedade deslocado para algo fora ou dentro de nós), a representações internas (pensamentos, memórias, desejos, angústias, medos, etc.). Estas por sua vez passam então a serem passíveis de serem gradualmente elaboradas e "arrumadas" internamente.

A ansiedade acima de tudo transforma-se, desde as vivências de desconforto no corpo ou comportamentos impulsivos, passando pela experiência interna de "tensões ou mal estar difuso", ou "coisas sem nome", até representações conscientes ("coisas com nome"), que por tal, podem então começar a ser "digeridas" e o pensamento organizado. Cada etapa do percurso implica um nível mais sofisticado de elaboração de conteúdos internos, e logo, menor ansiedade.

Ao contemplar um bebé que chora ansioso porque está com fome, ou com frio, ou desconfortável por causa da fralda, ou com cólicas, ou sobre estimulado pelo ambiente, a medicação ou técnicas de relaxamento não são propriamente as primeiras ideias que surgem no nosso imaginário enquanto a resposta àquele sofrimento. "Onde está a mãe?" tende a ser o primeiro pensamento que nos surge. Ou seja, a resposta aos estados de ansiedade de um bebé são os cuidados maternos. São o complemento natural da ansiedade e que a contém e transforma, conduzindo à tranquilização do bebé, cujas necessidades foram atendidas e suas angústias aplacadas.

Porém... Nem todos os cuidados maternos conseguem aplacar as ansiedades de um bebé. Há de facto uma configuração muito específica para que estes cuidados exerçam uma verdadeira contenção das angústias do bebé. São os cuidados suficientemente bons, que requerem a presença de duas características fundamentais na personalidade da mãe ou do cuidador:

1. Um estado de serenidade e disponibilidade emocional para o bebé
2. Uma capacidade refinada de sintonia-empática de modo a intuir as necessidades do bebé


De alguma forma estas duas condições são a base da função continente, que contém a ansiedade do bebé e a transforma em cuidados. Esta relação de contenção, cujo protótipo é a relação mãe-bebé, continua a ser oferecida à criança ao longo da infância e adolescência, Sentir-nos contidos é o que acontece quando nos sentimos verdadeiramente compreendidos por alguém em algo que é verdadeiramente importante para nós, ou que ninguém parece conseguir compreender em nós ou sobre nós. Trata-se de um sentimento de apaziguamento interno, mais subtil ou menos subtil, de retorno a um estado de calmaria acompanhado muitas vezes por uma (re)organização de ideias.

Quanto mais esta função continente for oferecida a uma criança ao longo da vida, devidamente enquadrada numa relação de confiança e cumplicidade, maior o desenvolvimento das "ferramentas internas" para lidar com a ansiedade como a maior tolerância à frustração, maior capacidade de auto-contenção (aumento do volume do "saco interior" - que ao transbordar resulta frequentemente na formação de sintomas), maior a serenidade de caráter e imunidade contra a experiência da ansiedade, e maior esperança, confiança e prazer nas relações interpessoais enquanto "portos de abrigo" e encontros organizadores das experiências de vida e emoções mais difíceis.

Tomando mais uma vez a relação de contenção mãe-bebé enquanto protótipo e metáfora de um tipo de relação intra psíquica e interpessoal sanígena e importante para a formação da personalidade madura, há que considerar que existem de facto obstáculos a essa mesma relação que podem surgir desde muito cedo. A ansiedade ou irritabilidade persistentes da própria mãe ligadas por exemplo a uma fraca capacidade continente, a incapacidade de relaxar, defesas rígidas contra a própria ansiedade e necessidade de controlo de tudo e todos, a indiferença face às solicitações da criança, as falhas empáticas resultantes... Que fazem com que muitas vezes a criança desista de conseguir que o meio vá de encontro àquilo que ela precisa, podendo desenvolver mesmo uma personalidade de adaptação superficial às expetativas dos demais que pode em maior ou menor medida abafar a personalidade verdadeira e espontânea. Existem famílias nas quais a criança frequentemente não é considerada na sua individualidade, acabando por ter de se resignar às expetativas. Ou então, por exemplo, procurar expor quaisquer necessidades, desejos, angústias ou outros conteúdos é vivido como que um "falar para uma parede". Falha a função continente parental, falha a contenção, proliferam a ansiedade, os sintomas e a psicopatologia (depressão, ansiedade, etc.), muitas vezes soterrada por um "falso eu" adaptado superficialmente ás exigências da realidade exterior e das responsabilidades, com pouca margem para a espontaneidade e prazer de viver relativamente ausente.

Perante uma problema de ansiedade, um psicoterapeuta deverá procurar aferir ao longo das primeiras consultas de avaliação vários aspetos do desenvolvimento psicológico, como a capacidade continente de que aquela pessoa dispõe para si mesma; a qualidade dos cuidados e da contenção recebida pelas principais figuras de vinculação ao longo da vida; bem como procurar ligar-se de forma sintónica, empática e intuitiva à natureza e complexidade dos conteúdos não pensados e/ou não pensáveis que aquela pessoa possa carregar consigo.

De um modo geral, não adaptado às circunstâncias específicas de cada pessoa, o percurso de tratamento da ansiedade pode englobar a cada sessão o foco nos seguintes aspetos:

Construção contínua de uma relação de confiança como via privilegiada que permite progressivamente uma verdadeira entrega e através da mesma, a possibilidade de descansar verdadeiramente;

Contenção;

Ligação dos conteúdos ou tensões internas (ou "coisas") sem nome ou sem pensamento, a representações, linguagem e pensamento;

Elaboração progressíva;

Expansão da capacidade de pensar e desenvolvimento de outras "ferramentas" internas de gestão da ansiedade;

Ponderação sobre a mudança de circunstâncias externas indutoras de ansiedade ou que a mantêm.


Os problemas de ansiedade podem surgir em níveis diferentes de expressão, por exemplo:

- Problemas ou desconforto ao nível do corpo;
- Via do "agir", por exemplo o consumo de alcóol, drogas, condução a alta velocidade, agressões a outras pessoas, etc.
- Ataques de pânico e ansiedade generalizada
- Sentimento de "algo" internamente persecutório, sem representação mental, porém acompanhado de mal estar ou desconforto difuso

Podem surgir em níveis mais representáveis na mente, ainda que de forma ainda primária e/ou menos elaborada, por exemplo;

- Pesadelos
- Percepções de "energias negativas", sentimentos ou percepções invulgares de "sujidade" (interna ou projetada para fora)

Podem surgir em níveis mistos, ou alternados.

As ansiedades são também vulgarmente sinalizadas pelas defesas psíquicas destinadas a "lidar" com aquilo que a própria pessoa não consegue lidar dentro dela, acabando por gerar outros problemas ou sintomas - compulsões, obsessões, fobias, percepções distorcidas e/ou ameaçadoras da realidade exterior e dos outros, etc..

Os conteúdos internos - angústias, desejos, fantasias, ideias, sentimentos, etc. - acabarão por tornar-se claramente representáveis ao longo de uma psicoterapia, sendo possível a elaboração a vários níveis, como por exemplo:

- Identificação clara de sentimentos (em vez de "energias negativas": medo, inveja, raiva, ódio, atração, vergonha, humilhação, por exemplo
- Elaboração dos sentimentos mais difíceis, contextualizando-os e articulando-os sob várias perspetivas
- Identificação de padrões gerais de funcionamento da personalidade mediante elaboração de padrões de sentir e reagir

Há também que considerar a natureza da experiência da ansiedade e relação com o estado ou desenvolvimento do aparelho mental... Ansiedade generalizada e difusa, ansiedade social, ansiedade ligada à culpabilidade, ansiedade persecutória, ansiedade de aniquilamento.., são ansiedades essencialmente diferentes, de gravidades diferentes e que requerem portanto cuidados diferentes.

quinta-feira, junho 22, 2017

Exigência... vs Empatia...



A exigência pode muitas vezes predominar sobre, ou eclipsar a empatia e o apoio
ao outro.

Por exemplo, exigências de elogios, bem como de valorização, no e do trabalho/sucesso, por exemplo, podem muitas vezes fazer-se acompanhar de dissociações da realidade e da representação da outra pessoa. 

Por exemplo, uma mulher atraente pode estar tão habituada a elogios que trivializa os elogios diários do seu companheiro, podendo mesmo convencer-se de que ele não a elogia.

Ou, por exemplo, uma queixa de o outro não partilhar do sucesso pessoal, pode ocultar uma dissociação de vários componentes da realidade, como por exemplo, 

1) alguma tendência pessoal em desvalorizar aspetos da outra pessoa ligadas ao respetivo percurso/sucesso profissional, como os seus saberes e experiência (por vezes desvalorizados enquanto "teorias" inócuas), escolhas formativas, escolhas de desenvolvimento pessoal e profissional, aspetos necessários ao percurso profissional do próprio, bem como figuras (do âmbito profissional, por exemplo) que a própria pessoa admira;

2) O interesse, apoio, opinião, complementaridade e participação reais da outra pessoa nos projetos da primeira pessoa, seja em exames, artigos, livros, websites, projetos empresariais, apoio em divulgação do trabalho em redes sociais, traduções, etc..

3) A consciência de que o registo de exigência e crítica retira a "alegria" da partilha;

4) a empatia com a realidade e obstáculos profissionais com que a outra pessoa se pode estar a deparar em determinado momento (o que não é invulgar por exemplo em inicio de percurso profissional), e que gera uma preocupação e introspeção pelo próprio percurso, não anulando necessáriamente a sensibilidade ao sucesso do outro. Aqui, a exigência substitui-se ao apoio e geram-se fortes conflitos ou mal-entendidos.

As exigências denotam aspetos de nós próprios ligados com insatisfação e por vezes uma idealização menos saudável, que é preciso monitorizar... Sentimentos de falta podem muitas vezes gerar distorções e mal entendidos entre as pessoas, bem como as idealizações sobre a pessoa que virá suprir todas as exigências, o que tenderá a gerar frustrações sistemáticas.

O bom equilíbrio narcísico não se forma/regula necessáriamente pelo elogio, mas pelo olhar fiel sobre o outro, sobre quem o outro é na sua singularidade e complexidade, e poder observar fielmente o que vai no ínitmo desse outro. Isto requer disponibilidade emocional, paciência, prudência e autoconhecimento, para evitar distorções ou rotulagem precipitada sobre quem o outro é... Estas distorções são tanto pela negativa como pela positiva. A capacidade de nos alimentarmos apenas ou sobretudo das devoluções fieis (e não irrealistas, quer negativas ou positivas) sobre nós mesmos por e parte de quem é importante para nós, denota já um bom equilíbrio narcísico, pois a fonte que procuramos para nos alimentar é a realidade - o que pressupõe um autoconhecimento relativamente bom e fiél.


O bom elogio não é aquele que aponta somente o "brilho" do feito, gesto, atitude, etc.... É aquele que se acompanha pelo fundamento, pela valorização real e complexa da competência e da reverência.


É das realidades mais desgastantes numa qualquer relação um outro que se debate contra os "rótulos", "erros interpretativos" precipitados e falhas empáticas persistentes...

A psicanálise facilita a consiliação interna com as nossas contradições internas normativas (no entanto, imensamente diminuidas por quem passa por uma psicanálise, por exemplo), gerando um autoconhecimento, maturidade e serenidade preciosos, que nos dá capacidade de interesse genuino e acrescido pelos demais, pela diferença, pelo aparentemente "bizzaro" e "inaceitável" (que começa por ser inaceítável/incompreendido em nós mesmos e na nossa história), o que posteriormente se passa a apresentar aos nossos olhos enquanto "humano", e inclusivé fonte de aprendizagem e potencial de crescimento pessoal. É a humanização da nossa pessoa e da consciência que temos sobre os outros e a realidade das realações humanas, vs a crítica e a discriminação não tolerante.


Um outro artigo de interesse para a questão das exigências excessivas

sexta-feira, dezembro 09, 2016

O Casal, a Crise e os absolutos Preto/Branco


Eis um tema que surge com frequência nas consultas, e uma leve reflexão sobre ele:


Por vezes surgem tempestades e/ou testes a uma união entre duas pessoas que vivem uma historia de amor. Por vezes, a prematuridade com que surgem e respetiva intensidade podem deitar tudo a perder.

Porém, vínculos afetivos bem tecidos oferecem mais probabilidade para atravessar a dita tempestade ou teste. Mas o que dizer sobre estes vínculos?

Bom, estes são vínculos tecidos pela experiência conjunta, amadurecida e consolidada ao longo do tempo, da confiança (sobretudo!), da partilha, da cumplicidade, da intimidade, da sexualidade, da tolerância às diferenças, dos interesses conjuntos e daqueles criados a dois, dos momentos bons e da transformação dos menos bons, e de tudo aquilo mais que fizer sentido no encontro entre duas pessoas com suas respetivas individualidades. E isto… leva tempo, paciência e trabalho! Mas não garante imunidade, infelizmente.

Porém, quando estas experiências conjuntas, que subjazem à qualidade do vínculo, não são bem vividas e consolidadas, e logo logo surge uma crise, uma tempestade, exterior à união ou oriunda dos fantasmas de algum (ou ambos) dos companheiros, adequa-se a metáfora de uma união que tem de correr uma maratona sem realmente ter treinado o suficiente... ou mesmo, com um joelho lesionado… E o resultado não é difícil de prever. Outras vezes, é também verdade que o “fantasma” (vivências internalizadas patológicas ligadas às relações mais significativas de alguém e/ou partes dissociadas da própria personalidade) engendra crises que quase parecem independentes de qualquer força, palavra, atitude ou comportamento que o possam conter, por mais esforço que se faça.

Para um vínculo fortalecido há que viver. Há que fazer experiência a dois, consolida-la, amadurece-la. Há fundamentalmente que entender quais as experiências que para cada um dos parceiros fazem mais sentido e que são mais importantes serem vividas, ainda que essa ordem de importância possa ser mutável ao longo do tempo - porque somos seres humanos e não robôs programados rigidamente, e porque todos nós temos a experiência de deixar de ter sede quando bebemos. Há que estar lá a paciência e o diálogo, que por vezes se eclipsa perante a reatividade e a crítica/intolerância. Mas sem paciência e diálogo, como se constrói o amor?...

No jogo dinâmico da negociação de experiências conjuntas, existem duas realidades  perigosas… Passar por cima daquilo que o outro sente que são as suas experiências mais desejadas e necessárias, e, desconsiderar as próprias ou permitir que o outro parceiro o faça.
Por “experiências” podemos entender aqui os modelos internalizados individuais daquilo que se quer ou deseja viver a dois, que originam o desejo e a esperança de o viver e a possibilidade de se alcançar a felicidade ou a plenitude a dois. Entendam-se também as experiências que geram novos modelos ou transformam os anteriores. Aqui estão fundamentos vitais para o vinculo duradouro e coeso.

Há pelo menos três caminhos (certamente muitos mais!) para quando surge um impasse de dicotomia preto/branco… Cada um para seu lado; hoje preto, amanhã branco; e o cinzento. O branco não pode anular o preto, e vice versa, nem nenhuma das duas cores pode apagar-se perante a outra, pois perderiam a identidade e respetiva existência.

Por vezes, por algum motivo, o preto não se entende mesmo com o branco (e/ou vice-versa). Mais ainda, nem com o cinzento, ou com o rosa, ou com o vermelho, ou com cor alguma. Aí… resta apenas aceitar as diferenças e muitas vezes aceitar também que se fez tudo o possível no sentido da conciliação. Sempre com respeito e ponderação, sem censura do preto por ser preto ou do branco por ser branco.

Por vezes as diferenças psicológicas, de desejos e vivências podem mesmo ser inconciliáveis entre duas pessoas, para além dos esforços ou sacrifícios, mas torna-se falta de respeito e de consideração condenar ou acusar pejorativamente o outro por ser ou (estar em) “preto” ou “branco” em determinado momento. A percepção polarizada de realidades absolutas é particularmente destrutiva pois não permite vislumbrar contextos intermédios realistas, que não são todos pretos ou todos brancos, todos bons ou todos maus, mas que são sim cinzentos (por vezes mais pretos, por vezes mais brancos) e imperfeitos (contém aspetos bons e maus). È antagónica à maturidade e serenidade que se alicerça na compreensão em complexidade de nós mesmos e dos outros (que nós temos coisas confusas, contraditórias e por vezes menos boas em nós, não sendo apenas os outros que as têm, sendo importante nomear essas “partes” pessoais, para não se tornarem pontos cegos com potencial destrutivo para as nossas relações)

Este é um tema sensível, mais ainda pois numa relação as necessidades de cada um dos companheiros são interdependentes. Quando elas não são satisfeitas e bem negociadas à partida, podem gerar experiências de casal que não têm espaço para amadurecer, ou ficam castradas, suprimidas ou abafadas antes até de nascer. Em resultado, a força do vínculo (e do amor) não será tão robusta, e fica em risco de sucumbir se testado antes da devida conciliação e amadurecimento de experiências conjuntas, do que está ainda para nascer e ser vivido.

Quando alguém se esforça para ser atento ao companheiro ou companheira, sendo porém criticado em determinados momentos por não ser alguém atento de forma geral, ou sendo alvo de exigências irritadas ou impacientes devido à desatenção momentânea num determinado momento em que tal pessoa está mais preocupado ou preocupada com algo importante ou difícil, então há que repensar que talvez algo não esteja bem com algum dos membros do casal, ou com o casal em si. Daqui brotam muitas criticas “Ele só pensa nele”, “Ela só quer o meu cartão de crédito”, “Ela só está comigo por interesse”, etc. Por vezes estas premissas são verdadeiras, mas na maior parte das vezes o ser humano é tão mais complexo que isso. Como também o são os fantasmas que se infiltram nas lentes percetivas de cada um. Por vezes, deixa-se de ver tudo de bom que o outro têm e também a responsabilidade pessoal para os problemas em mão.



segunda-feira, abril 18, 2016

Um em cada cinco portugueses sofre de perturbações psiquiátricas

 
"(...)a intervenção psicofarmacológica tenderá a continuar a ser a resposta predominante, mesmo nas situações em que não está particularmente indicada(...)"

Ora.... ?! ... ... ...

Parece-me que isto diz bastante sofre a qualidade do apoio e intervenção psicoterapêutica (ou sua ausência) pelos serviços de saúde públicos. Nestas condições é fácil conceber descrédito associado aos serviços de saúde mental.

Algo está muito errado quando aquilo que uma pessoa procura verdadeiramente é com frequência poder sentir-se entendida, apoiada, e muitas vezes construir com alguém uma proximidade e uma relação estruturante da personalidade - relação que algumas vezes nunca se teve ao longo da vida, ou se teve e se perdeu demasiado cedo -, mas ao invés disso se recebe uma ajuda sob forma de psicofármacos e encontros mensais com um técnico de saúde mental no sentido de regular a dosagem da medicação e pouco mais.

Ora, como é que a psicologia de alguém muda se não há bases para a criação e amadurecimento (entre paciente e prestador de cuidados de sáude mental) de um encontro psicológicamente significativo, de efeitos estruturantes e transmutadores? De um encontro tranquilizador da ansiedade e organizador da experiência interna de se ser?

Se não há regularidade no encontro então o amadurecer da relação terapêutica não pode acontecer, ou é demasiado lento. Isto é, fica prejudicada ou ausente a continuidade da vivência de nos sentirmos entendidos, de podermos usufruir plenamente da experiência vivencial de estar na presença de alguém competente, interessado, disponível e relacional, que nos ajuda a navegar por entre as angustias e dificuldades e chegar são e salvos ao outro lado, da serenidade, da maturidade e da plenitude. Acaba por não é possível construir confiança na figura do técnico de saúde mental, base para todo o desenrolar do processo psicoterapêutico ligado à veradeira mudança interna e subsequente diminuição e resolução do sofrimento, dificuldades e sintomas.

Como se ganha confiança genuína em alguém (sobretudo quando o que está em causa é o entregar a qualidade de vida nas mãos de outra pessoa) sem tempo para se desenvolver uma qualquer relação de proximidade? Pois se nós mudássemos assim tão fácilmente e sem uma relação de confiança relativamente bem estabelecida, imagine-se o efeito que a publicidade não teria em nós. Já para não dizer que uma criança poderia perfeitamente ser deixada à negligência e ao abuso físico e emocional toda a sua infância, pelo que em meras sessões de psiquiatria ou psicoterapia estaria como nova. É dramáticamente irrealista. Qualidade de relação, desenvolvimento, aprendizagem, maturação e mudança interna são realidades humanas inerentemente ligadas a processos longos e não necessáriamente fáceis. São realidades para as quais dificilmente existem atalhos, mas podem ser aceleradas e vividas com prazer via relações catalisadoras da mudança e do desenvolvimento pessoal, as chamadas relações psicoterapêuticas.

As faltas emocionais e angústias relacionadas, muitas vezes assentes em relações patogénicas vividas precocemente na vida e internalizadas à posteriori, constituem predominantemente a base da psicopatologia. Sintomas podem algumas vezes ser tratados isoladamente, mas o que está em causa e a pedir mudança, o verdadeiro problema de onde emergem os sintomas e dificuldades, é o que está a acontecer psicológicamente dentro da pessoa, por detrás das dificuldades que apresenta e que por sua vez as cria.

E a verdade é que muitas pessoas não têm mesmo a consciência de que a mudança está necessáriamente ligada à necessidade de ser vivido algo de teor relacional que até então, por algum motivo, não lhes foi possível viver.

Psicológicamente nascemos na relação (a relação mãe-bebé, num primeiro momento), e, da mesmo forma, são as relações próximas e respetiva qualidade das mesmas que servem de base para a transmutação ou "alquimia" interior. Basta constatar os estudos que ilustram as alterações cerebrais a todos os níveis aquando de psicoterapias bem sucedidas. Muitas vezes são as relações amorosas que são inconscientemente usadas para fins psicoterapêuticos, contudo não sendo estas relações estruturantes da personalidade (pela natureza das mesmas), a resolução de dificuldades, de faltas ou de conflitualidade interna tende a falhar. Com frequência as relações amorosas transformam-se numa dramatização ou réplica das relações (ou temas) que originalmente deram origem às dificuldades, angústias e conflitualidade interna, ainda que tal não seja muitas vezes acessível à consciência da própria pessoa.

O foco da intervenção puramente médica é o diagnóstico, a doença e a medicação. Não descurando a importância de tal, o que é sim descurado é o interesse pela pessoa em si, por quem a pessoa é e pela relação entre, por um lado, a sua psicologia individual e, por outr loado, as dificuldades que vive na sua vida.

É compreensível que uma qualquer pessoa se sinta porventura mais cativada e entendida não por alguém que lhe prescreve uma receita de ansiolíticos, mas por alguém que lhe ofereça atenção genuína sobre quem aquela pessoa é, sobre o seu sofrimento e suas dificuldades. Alguém que se mostre genuinamente disponível e interessado(a) em ajudar a ultrapassar obstáculos, alguém que consiga criar e transmitir um clima de entendimento mútuo, apoio e esperança. Na verdade, e já nem falo dos psicoterapeutas - que devem ser especialistas nestas qualidades humanas e relacionais -, nestas condições qualquer pessoa que se preste a cuidados de ajuda e que consiga reunir estas características conseguirá muitas vezes ressonância no íntimo de quem procura ajuda. Infelizmente, quando a formação profissional do prestador não é a psicoterapia - que implica um processo de desenvolvimento pessoal, supervisão em permanência e uma formação rigorosa ao nível de conhecimentos sobre desenvolvimento psicológico, psicopatologia, funcionamento mental, e o entendimento de porque é que o ser humana sofre, como muda e em que circunstâncias - dificilmente estes encontros se podem apelidar de psicoterapêuticos, não atingindo pois estes fins.

Neste artigo de 2014, destaco também os seguintes factos:

"Um em cada cinco portugueses sofre de perturbações psiquiátricas"

"Portugal apresenta dos mais altos valores de prevalência de perturbações psiquiátricas (22,9%)"

"Portugal é também um dos países europeus com maior consumo de ansiolíticos, sedativos e hipnóticos" - "Estas substâncias têm registado acréscimos anuais de consumo, contrariando a tendência verificada no resto da União Europeia"

Imagino que noutros países o paradigma sobre o sofrimento emocional se encontre bastante mais atualizado e humanizado, ou seja, o sofrimento emocional, a doença mental e os sintomas são percebidos não tanto como ligados à disfunção orgânica mas bem mais à forma como uma dada pessoa vive a sua vida, como se percebe a ela própria e aos demais, como se relaciona ou não com os demais, com o que deseja e aquilo de que tem medo, e com o que sabe sobre si mesma e aquilo que não quer saber. É daqui, de quem dada pessoa é, que em última análise surgem os sintomas e dificuldades intrapsíquicas, relacionais, comportamentais e, muitas vezes, somáticas.

terça-feira, março 08, 2016

Mestres da Psicoterapia - Vida e Obra


Para os nossos leitores mais curiosos e interessados sobre a psicoterapia, seus modelos e suas origens teórico-clínicas, disponibilizamos uma coletânea de curtos vídeos, individuais, sobre a vida e obra de alguns dos autores que mais influenciaram o mundo da psicologia e da psicoterapia contemporânea.


Sigmund Freud


Anna Freud


Melanie Klein


John Bowlby


Donald Winnicott